#2 - Louveira e Eiffel
A mini história dos dois prédios que não são famosos mas que são bem importantes e representam o Modernismo paulistano.
Olá queridíssimo leitor. Como está? Espero que esteja bem protegido nessa sexta-feira fria de 22ºC em São Paulo.
Decidi fazer duas escolhas incríveis que eu acho que vocês deveriam conhecer por causa dos arquitetos, que são brilhantes e tem uma trajetória bem bacana: Villanova Artigas e Niemeyer.
Agora vou falar do Louveira, que é uma obra do Artigas.
Ed. Louveira - São Paulo.
Escolhi porque é um dos prédios mais importantes do arquiteto e não só dele como também é do Modernismo de São Paulo. Muitos usam ele como referência, já que traz todos os elementos propostos pelo Le Corbusier: a fachada ativa, janelas em fita, pilotis, terraço-jardim e planta livre.
Quem passa na rua Piauí, na altura da avenida Pacaembu, pertinho da praça Charles Miller, consegue ver a imponência do Louveira chamando a atenção com as suas cores vividas: venezianas amarelas e painéis vermelhos. Constitui em dois blocos, um na frente do outro, com 7 e 8 andares e dois apartamentos por andar, contendo 4 quartos, uma sala grande divida em duas (uma de estar e de jantar, creio eu) e possui um jardim central semi-público (!!) que dá uma continuidade com a praça que se situa na frente do conjunto: a Vilaboim.
É uma construção bastante característica apesar de ter uma arquitetura que lembra bastante diversos prédios modernistas, mas o que deixa ele singular é o fato de ter cores convidativas, rampas de acesso onduladas com corrimões amarelos e um jardim super bonito além de se integrar com a circulação externa: os não moradores podem ter o acesso ao conjunto residencial. E não ter muros é um must necessário para mim pois faz com que os pedestres possam ver e apreciar.
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Ed. Eiffel - São Paulo.
Esse prédio é uma escolha pouco, digamos, ortodoxa, pois escolhi ele mais pela planta que possui (que é maravilhosa) do que em si.
Mas em todo o caso, o Eiffel é bem bonito (só precisa de mais cuidado na fachada) e tem uma vista bem privilegiada.
Para entender melhor, conto-vos como ele foi concebido: foi encomendado ao Oscar pelo Banco Nacional Imobiliário em 1952, tendo sido concluído 4 anos depois, e o projeto é, curiosamente, uma adaptação ao protótipo de “arranha-céu” feito pelo Le Corbusier como um edifício-modelo usado em diversos escritórios arquitectónicos como Manhattan (só que não é escalonado como é o Eiffel). E é o último prédio projetado por ele e foi por anos, após inauguração, considerado como luxo.
Tem, ao total, 54 unidades e é um dos primeiros da cidade a possuir apartamentos duplex com 3/4 dormitórios, algo inédito para a época. E o mais curioso? A entrada é pelo andar superior e não o inferior, que são os dormitórios. Já a parte de cima fica a área de serviço e de social como cozinha, sala de estar e jantar e a de baixo são os dormitórios. A intenção disso é melhorar o isolamento acústico, pois como o dormitório fica embaixo da área social, você não ouve os barulhos do vizinho de cima enquanto tá no seu descanso nem vice versa.
Diferentemente do Copan e do ed. Niemeyer, esse não tem brises (as linhas na fachada) mas possui uma geometria interessante e diferente: As salas têm a fachada em vidro (transparente) enquanto as de serviço são em painel vazado E os quartos têm um mixed de dois: uma superfície envidraçada com orifícios circulares em peças cilíndricas. Interessante, né?
O térreo dele possui lojas como o Copan porém não tem uma galeria interna.
É um prédio bem bonito e eu moraria fácil se pudesse pois as plantas são livres e tem uma vista belíssima para o norte da cidade.
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Dica de leitura: São Paulo nas Alturas, do Raul Juste. É um livro bem interessante onde conta sobre o Modernismo em São Paulo e como ele revolucionou a arquitetura da cidade. O Raul Juste é um jornalista e, como eu, possui uma paixão por arquitetura.
Espero que tenha gostado da leitura de hoje! Um ótimo fim-de-semana e fique em casa, viu? 🥰